Funções de
Linguagem
1) (ENEM-2006)
A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele e quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquemáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a priminha.
O português são dois; o outro, mistério.
Carlos Drummond de
Andrade. Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1979.
Explorando a função emotiva
da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem
em:
a) situações formais e
informais.
b) diferentes regiões dos
pais.
c) escolas literárias
distintas.
d) textos técnicos e
poéticos.
e) diferentes épocas.
2) (ENEM-2007)
O canto do guerreiro
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?
Gonçalves Dias.
Macunaíma
(Epílogo)
Acabou-se a história e morreu a vitória.
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolamango na tribo
Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um.
Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles
campos, furos puxadouros arrastadouros
meios-barrancos,
aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do
deserto...
Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera.
Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da
tribo nem contar aqueles casos
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolamango na tribo
Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um.
Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles
campos, furos puxadouros arrastadouros
meios-barrancos,
aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto...
Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera.
Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da
tribo nem contar aqueles casos
tão pançudos. Quem podia saber do Herói?
Mário de Andrade.
Considerando-se a linguagem
desses dois textos, verifica-se que:
a) a função da linguagem
centrada no receptor está ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto.
b) a linguagem utilizada no
primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem formal.
c) há, em cada um dos
textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena.
d) a função da linguagem,
no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no
segundo, no relato de informações reais.
e) a função da linguagem
centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente no
primeiro.
3) (Enem Cancelado-2009)
O texto a seguir é um
trecho de uma conversa por meio de um programa de computador que permite
comunicação direta pela Internet em tempo real, como o MSN Messenger.
Esse tipo de conversa, embora escrita, apresenta muitas características da
linguagem falada, segundo alguns linguistas. Uma delas é a interação ao vivo e
imediata, que permite ao interlocutor conhecer, quase instantaneamente, a
reação do outro, por meio de suas respostas e dos famosos emoticons (que
podem ser definidos como “ícones que demonstram emoção").
Joao diz: oi
Pedro diz: blz?
Joao diz: na
paz e vc?
Pedro diz: tudo
trank J
Joao diz: oq
vc ta fazendo?
[...]
Pedro diz: tenho
q sair agora...
Joao diz: flw
Pedro diz: vlw,
abc
Para que a comunicação,
como no MSN Messenger se dê em tempo real, é necessário que a escrita
das informações seja rápida, o que é feito por meio de:
a) frases completas,
escritas cuidadosamente com acentos e letras maiúsculas (como “oq vc ta
fazendo?”).
b) frases curtas e simples
(como “tudo trank”') com abreviaturas padronizadas pelo uso (como “vc” –você
–
“vlw” - valeu!).
c) uso de reticências no
final da frase, para que não se tenha que escrever o resto da informação.
d) estruturas coordenadas,
como “na paz e vc”.
e) flexão verbal rica e
substituição de dígrafos consonantais por consoantes simples (“qu" por
“k”).
4) (Enem Cancelado-2009)
Sentimental
Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados
na
mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra, uma letra somente para
acabar teu nome!
— Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências este cartaz amarelo:
"Neste
país é proibido sonhar."
ANDRADE, C. D. Seleta
em Prosa e Verso. Rio de Janeiro: Record, 1995.
Com base na leitura do
poema, a respeito do uso e da predominância das funções da linguagem no texto
de Drummond, pode-se afirmar que:
a) por meio dos versos
"Ponho-me a escrever teu nome" e "esse romântico trabalho",
o poeta faz referências ao seu próprio ofício: o gesto de escrever poemas
líricos.
b) a linguagem
essencialmente poética que constitui os versos "No prato, a sopa esfria,
cheia de escamas e
debruçados na mesa todos
contemplam" confere ao poema uma atmosfera irreal e impede o leitor de reconhecer
no texto dados constitutivos de uma cena realista.
c) na primeira estrofe, o
poeta constrói uma linguagem centrada na amada, receptora da mensagem, mas, na
segunda, ele deixa de se
dirigir a ela e passa a exprimir o que sente.
d) em "Eu estava
sonhando...", o poeta demonstra que está mais preocupado em responder à
pergunta feita anteriormente e, assim, dar continuidade ao diálogo com seus
interlocutores do que em expressar algo sobre si mesmo.
e) no verso "Neste
país é proibido sonhar.”, o poeta abandona a linguagem poética para fazer uso
da função referencial, informando sobre o conteúdo do "cartaz amarelo"
presente no local.
5) (FGV-1998) A frase abaixo apresenta ambiguidade:
Ministro falará da crise no Canal 17.
Reescreva essa frase,
alterando a ordem das palavras, para eliminar a ambiguidade; na resposta,
acrescente uma vírgula à frase.
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